Direto de Mendoza - Pulenta Estate
Publicado por Puros e Vinhos em 26.5.14 com Sem comentários
“Fazer um grande vinho é um ato de generosidade,
de pensar sempre no outro que vai degustá-lo. A nossa missão é produzir series
limitadas de grandes vinhos, elaborados com orgulho na Argentina.”
A
frase que é a marca da vinícola poderia ser apenas um conjunto de palavras
bonitas e bem colocadas, mas não, a vinícola localizada na zona de Alto Agrelo,
Luján de Cuyo – Mendoza - Argentina é um grande exemplo de como a tecnologia
pode ser uma grande aliada de uma vinificação quase artesanal, unindo perfeitamente o que há de mais avançado em termos técnicos com a tradição de
quem está no mundo do vinho há mais de um século.
Estive na vinícola em 2013, com minha parceira de blog, Talita Martinez, e pude
conhecer um pouco da história da família, que tento resumir nas linhas
seguintes.
Embora a vinícola Pulenta tenha apenas um pouco mais de
uma década de existência, a família está ligada à viticultura Argentina por
três gerações, desde que os patriarcas Angelo Polenta e Palma Spinsanti
chegaram à Argentina em 1902. Depois de breve estada em Buenos Aires, partiram
para Mendoza onde começaram a construir a história da família, que seguiu seus
passos e cresceu ainda mais já na região de San Juan, onde em 1914 compraram
seu primeiro terreno, de 5 hectares, que deu origem a primeira vinícola da
família.
Uma década depois, os 9 filhos do casal acabam ficando
órfãos mas a família, agora liderada pelo irmãos mais velhos Quinto e Maria,
continuou batalhando e honrando o legado de trabalho, esforço e união familiar
deixado pelos pais, expandindo o pequeno empreendimento familiar por San Juan e
Mendoza.
É
aí que aparece a figura de Antonio, o penúltimo dos nove irmãos, que se
translada para Mendoza para estudar enologia e posteriormente tomar conta da vinícola da província. Em
1946, ele se casa com María Zulema
Chirino com quem teve 6 filhos: Silvia, Carlos, Antonio, Eduardo, Zulema e
Hugo.
Pulenta Estate é a continuação desta tradição, já que são
justamente os filhos do vinicultor Antonio Pulenta - Eduardo e Hugo Pulenta -,
que dão vida a esta vinícola em 2002, aportando experiência e a mais
qualificada mão de obra.
Hoje
são 135 hectáres de vinhedos próprios a 980 metros acima do nivel do mar, com
diversas variedades, como trazidas especialmente da França e da Itália por Antonio
Pulenta e que beneficiam cada dia mais das virtudes da proximidade com a
Cordilheira dos Andes.
São
vinhedos de Sauvignon Blanc, Chardonnay, Pinot Gris, Merlot, Cabernet
Sauvignon, Malbec, Pinot Noir e Cabernet Franc (para mim o grande destaque da vinícola!)
vinificados em três linhas, denominadas La Flor, a linha
de entrada, com vinhos de caráter mais jovem, fresco e frutado, Pulenta Estate,
com vinhos que transitam entre o jovem e maduro, já um pouco mais densos e com alguma
passagem por barricas de carvalho e, por último, a Pulenta, com os vinhos
premium da vinícola, sempre amadurecidos em barricas de carvalho francês e de
estilo mais complexo e refinado.
Provei
alguns deles durante a visita e fiquei bastante feliz com o resultado. São
vinhos elegantes, que mostram com segurança o estilo mendocino (maduro e
frutado) com a forte tradição francesa e italiana que a vinícola carrega de
anos e anos.
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Na se quência passei para a prova dos 4 vinhos da linha Pulenta, Pinot Noir XV 2010, Grand Malbec X 2010, Gran Cabernet Franc XI 2009 e Gran Corte VII 2009. |
Desta linha, os 4 vinhos agradaram bastante. São vinhos com muita personalidade e, principalmente, tipicidade. Aqui, meus destaques principais vão para o Pinot Noir XV e o Cabernet Franc XI.
O Pinot Noir XV por ser um vinho de estilo praticamente único com esta casta no mercado brasileiro, conseguindo alcançar um ponto de equilíbrio entre os chilenos superconcentrados e amadeirados (que são a maioria no nosso mercado) e os grandes borgonhas terrosos e cheios de frutas vermelhas frescas, cujo preço em grande parte das vezes não são nenhum pouco convidativos. Claro que este vinho não pode ser considerado uma pechincha, mas seus atributos o colocam como uma ótima compra, ainda aos R$ 185,00 que chega ao Brasil.
Já o Cabernet Franc não só é um dos principais vinhos desta vinícola como foi, para mim, um dos 10 melhores vinhos de Mendoza provados em 2013, conforme artigo que publiquei no final do ano (relembre). A mescla de frutas e ervas frescas é muito interessante e nos seduz desde o primeiro contato. Na boca, o conjunto continua surpreendendo com grande equilíbrio, taninos maduros e grande persistência. Um dos grandes vinhos no mercado brasileiro e grande destaque na sua faixa de preço (R$ 185,00).
Atestar
a paixão de todos da Pulenta Estate pelo trabalho e, principalmente, pelos seus
vinhos - alguns dos quais já conhecia e admirava – foi algo extraordinário, mas
já esperado, uma vez que já havia pesquisado e estudado um pouco sobre a
vinícola. O que eu não podia imaginar é que o prazer de degustar alguns deles
com o clima e a “energia” local seria tão grande e tão impressionante.
Sem
dúvida alguma, uma visita imperdível em Mendoza.
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Michelle (responsável pelo turismo), eu, Gabi (que nos apresentou a vinícola) e Talita. |
A
vinícola está aberta das 9h às 17h de segundas às sextas-feiras e da 9h às 13h
aos sábados e feriados. Para reservar seu tour guiado (em espanhol, com
duração entre 1 - 2 horas) é importante fazer reserva. Para isso, envie um
e-mail diretamente para a amável responsável pelo turismo Michelle
Schromm (michelle@pulentaestate.com) ou para reservas@pulentaestate.com
solicitando um horário.
Os vinhos da Pulenta Estate são importados ao Brasil pela Grand Cru e podem ser adquiridos através do site www.grandcru.com.br.
Que Baco nos ilumine!
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