O vinho brasileiro evolui bem? (5) [Familia Piagentini Boutique Reserva CS 2004]
Publicado por Blog Vinho SIM em 26.5.15 com Sem comentários
Como já escrevi nos posts sobre o Cabernet Sauvignon 2004 da Lídio Carraro, o Desejo 2005 da Salton, o espumante Brut Nature 10 anos da Marco Luigi e o Reserva 2002 CS da Vallontano, o cuidado com o que se lê por aí deve ser intermitente e esta série o "O vinho brasileiro evolui bem?" veio exatamente para trazer ao leitor elementos para fugir dos "achismos" que recheiam o enomundo a fora com o que se produz no Brasil e principalmente nas comparações do vinho nacional com o que se produz nos nossos vizinhos.
Aqui no Vinho SIM não baseamos nossos posts/artigos em achismos e, por isso, seguimos provando mais exemplares da nossa adega pessoal para subsidiar a resposta à pergunta "O vinho brasileiro evolui bem?".
A bola da vez vem para derrubar de vez qualquer preconceito, o Boutique Reserva CS 2004 da Familia Piagentini. Conheci esta linha em meados da década 2000, portanto há quase 10 anos e já à época era encantado por ela, principalmente por dois motivos: preço e personalidade. Um vinho autêntico, que não pretendia ser parecido com os demais Cabernet Sauvignons que já tendiam a se padronizar - infelizmente acabamos vendo isso nos últimos anos - e tinha uma excelente relação qualidade-preço. Chamava-me tanto à atenção que guardei algumas garrafas para provar ao longo dos anos ...
E chegou
a hora de provar a última delas ...
"possui cor rubi com tons violáceos e aromas intensos de frutas vermelhas
maduras, como amoras e cerejas. As especiarias, provenientes de 10 meses de
maturação em barris de carvalho, conferem refinamento e complexidade ao
bouquet. Encorpado, com sabor agradável e taninos marcantes, este vinho, com
grande potencial para envelhecimento, será melhor apreciado se consumido entre
15ºC e 17ºC. Foram elaboradas desta excepcional safra 10000 garrafas".
Nota-se, como era de se esperar, que a cor mudou bastante, mostrando-se já
bastante acastanhada e clara, lembrando alguns Pinots do Velho Mundo. No nariz,
bastante complexo, traz as notas típicas dos vinhos nacionais (para mim, toques
de folha de uva, casca de laranja e algo animal), muita amora fresca,
balsâmico, toques terrosos e de couro. Na boca, os taninos ainda se fazem
presentes, mas a acidez típica de frutas vermelhas oscilando entre o fresco e o
maduro evoluem para notas de frutas secas, deixando aquele final agridoce que
conferem ao vinho uma supernota no quesito "vontade de continuar
bebendo", o que é muito louvável para um vinho já com 12 anos (pena que só
tinha uma garrafa!). Mais um exemplar para atestar a capacidade de evolução do
vinho brasileiro e confirmar (ainda mais) a excepcional safra de 2002.
ÓTIMO (16/20)
É uma pena dar a notícia que esta linha foi descontinuada, mas a vinícola ainda possui bons produtos a preços muito acessíveis. Parabéns à Família Piagentini por este ótimo exemplar.
Vem mais por aí. Acompanhe.
Que Baco nos ilumine!
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